Isto do achismo faz com que se tirem conclusões precipitadas ou até erradas.
Vejamos o caso dos videojogos, uma forma de divertimento e escape, que faz como que cada um de nós possa ser o próximo treinador de sucesso de um gigante europeu de futebol ou jogador da NBA, carregando em alguns botões. Os géneros e os títulos são mais do que muitos e mesmo havendo um sistema com vinte anos que os classifica de acordo com a idade e milhentas opções de controlo parental, os videojogos continuam a ter má fama.
Segundo dados muito frescos da associação europeia da indústria, são jogados, passo a redundância, por mais de metade dos europeus entre os 6 e os 64 anos. Não me parece que estejam todos errados e muito menos, que jogar videojogos leve, na maioria dos casos a comportamentos viciantes ou violentos.
Um dos enganos relacionados com esta indústria, que vale mais de 25 mil milhões de euros só na Europa, passa por achar que só homens gostam de jogar na consola ou PC, por exemplo. Os dados da Video Games Europe e da European Games Developer Federation, apontam para que 40 por cento dos jogadores sejam mulheres. Nada que espante quem percebe um pouco mais da área. O número desce um pouco quando vemos a percentagem de mulheres que efetivamente trabalham nesta indústria, mas ainda assim é uma percentagem positiva e crescente. Dos cerca de 114 mil europeus que trabalham no desenvolvimento de videojogo, 24% são mulheres.
Os videojogos estão também, com frequência, associados a um vício, que faz com que os jogadores passem horas sem fim a jogar. Haverá casos assim, claro, mas o que se sabe, de facto, é que os europeus gastam menos de 9 horas por semana a jogar enquanto que gastam mais de 16 nas redes sociais e 24 a ver televisão e plataformas de streaming.
Outro ponto central nas críticas aos videojogos são os jogos inapropriados/violentos. É bem certo que há muitos títulos que simulam as mais diversas atividades bélicas ou criminosas. Nem todos os jogos são adequados a todas as idades. Daí existir há vinte anos que existe o PEGI, o sistema pan-europeu de classificação etária de videojogos. É usado em 40 países europeus, tem 2.600 empresas associadas, classificou 40.000 jogos e milhões de aplicações e 79% dos pais com filhos que jogam videojogos estão cientes dos rótulos de classificação etária PEGI, e 76% deles usam o rótulo PEGI para tomar uma decisão informada ao considerar comprar um videojogo para os seus filhos.
Os videojogos, goste-se ou não, são importantes por milhões de europeus e há razões para quem tenham melhor imprensa.
Francisco Reis, Corporate Division Manager & Partner