Os canais de comunicação, antes essencialmente concentrados nos órgãos de informação, estão agora dispersos por inúmeras plataformas e por uma variedade especialmente criativa de formatos. A informação (no sentido mais lato do termo) deixou de ser especializada e passou a abordar-nos de diferentes origens e essências, sem grande controlo sobre as mensagens veiculadas.

Enquanto disciplina científica, a Comunicação continua, essencialmente, dividida em três eixos: a informação (geralmente atribuída à atividade jornalística), a publicidade e a comunicação interna/relações públicas. Era assim há 30 anos e continua a ser assim hoje em dia, ainda que os métodos e ferramentas tenham evoluído substancialmente, sendo o digital um exemplo muito concreto.

A informação está, em teoria, balizada por um código deontológico e por boas práticas que devem ser aplicadas na construção da narrativa. O “C” de credibilidade é cada vez mais importante à medida que se estabelece um “novo normal”, no qual as fake news assumem crescente relevo, apropriadas que estão por interesses económicos e políticos. Este é um vírus que assola o século XXI.

A publicidade é bastante honesta. Diz ao que vem e está, também ela, balizada em alguns parâmetros. Em tese, deve estar identificada como tal e existem limites, como, por exemplo, a proibição de comparação direta. Dos três eixos, a publicidade é, talvez, o que deixa menores dúvidas: pretende passar a mensagem certa, no momento certo, à pessoa certa. E pretende vender!

Quanto à comunicação interna, o campo de interpretação é vasto. É uma espécie de junção dos outros dois. Idealmente, tem um teor informativo, mas cumpre também objetivos comerciais e/ou estratégicos. Não é informação pura e dura, mas também não é publicidade. É um misto e, por essa razão, exige os maiores níveis de responsabilidade.

Comunicar não é iludir. É valorizar méritos, alicerçando a mensagem em conteúdos tangíveis que promovam as organizações. Tanto estas últimas como os profissionais que operacionalizam a comunicação têm um enorme desafio pela frente: não deixar cair este setor na perigosa espiral de falsidade que assola a área da informação. O mesmo “C” grande será igualmente fundamental para garantir a sustentabilidade no prazo.

Luís Aragão, Senior Digital Consultant

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