Nos dias que correm, a sociedade é marcada por uma crescente instabilidade política e frequentes alterações regulatórias. Já as empresas não estão imunes a essa instabilidade e enfrentam desafios sem precedentes. Face a este contexto, os Public Affairs surgem como uma ferramenta indispensável para assegurar a adaptabilidade e competitividade das organizações, funcionando como uma ponte estratégica entre as empresas e o contexto político nacional e internacional.
Deste modo, a capacidade de prever alterações no campo político e legislativo apresenta-se como um dos maiores benefícios da incorporação de Assuntos Públicos numa organização. Segundo estudos da OCDE e da McKinsey, 90% das empresas inquiridas reconhecem que o ambiente político tem um impacto elevado nos resultados da empresa. Todavia, quando se trata de empresas cotadas na bolsa, essa mesma percentagem sobe para 100%. Salientando os dados facilitados pelos estudos da OCDE e da McKinsey, apurou-se que 80% das empresas inquiridas aumentaram ou mantiveram o seu orçamento para os Assuntos Públicos em comparação com anos anteriores.
Para além da capacidade de antecipação e adaptação de alterações legislativas, os Public Affairs desempenham um papel importante em advocacy, promovendo e instigando o diálogo entre as empresas, o governo e outros stakeholders que se revelem importantes. Este diálogo vai além da defesa de interesses empresariais, contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas moderadas e que se aproximem da realidade dos portugueses. Ao participarem ativamente nas discussões legislativas, as empresas têm a oportunidade de influenciar a formulação de regulamentos de forma construtiva, promovendo simultaneamente os interesses corporativos e os da sociedade em geral.
Neste quadro de constantes mudanças, crises políticas podem surgir de forma inesperada, e como tal os Assuntos Públicos desempenham uma função essencial na gestão de eventos adversos. Seja pela antecipação de mudanças políticas, seja pela comunicação eficaz com os stakeholders, esta área assegura a preservação da reputação e da operação empresarial. Negligenciar esta dimensão estratégica pode acarretar consequências irreparáveis para a sustentabilidade organizacional, não só a nível financeiro, como ao nível de operações e mais que tudo a nível da reputação institucional.
Logo é correto afirmar que este é um dos ativos mais valiosos de qualquer empresa. Organizações que demonstram um envolvimento com as normas públicas e um compromisso com os interesses sociais conseguem conquistar a confiança dos stakeholders e até da própria sociedade e público-alvo. Num mercado onde a competitividade surge como um dos aspetos mais presentes, este envolvimento pode ser um fator decisivo entre o sucesso e fracasso de uma campanha ou até mesma da própria empresa. Deste modo, empresas que detenham uma estratégia de Public Affairs não apenas salvaguardam a sua reputação como também a utilizam como um recurso estratégico.
Em suma, a área dos Assunto Públicos torna-se fundamental para o dia a dia de empresas que querem prosperar num mundo pautado de incertezas. A capacidade de antecipar, adaptar, influenciar e responder de forma rápida e eficaz às mudanças envolventes não só reforça a resiliência organizacional, como posiciona a própria empresa como líder no mercado e líder na transformação do seu setor. Assim, investir em Public Affairs não se trata apenas de uma questão de necessidade nem de posicionamento. Trata-se de um passo proativo na direção à liderança e à inovação empresarial. O futuro pertence às organizações que, em vez de se limitarem a reagir às mudanças, agem de forma a moldar o futuro.
Bárbara Miranda, Public Affairs Consultant