Scroll, swipe, skip: como captar o interesse na “era da desatenção”

Hoje, conquistar a atenção de alguém pode ser considerado um ato de magia. Vivemos rodeados de ecrãs, notificações e conteúdos infinitos; saltamos de publicação em publicação com a mesma leveza com que passamos o dedo no ecrã. Num minuto, o foco muda de um story para um vídeo, de um anúncio para uma mensagem. 

A verdade é que nunca estivemos tão ligados e tão distraídos ao mesmo tempo. Passamos, em média, 7 horas e 37 minutos por dia ligados, mas são poucos os conteúdos que conseguem verdadeiramente reter a nossa atenção por mais de alguns segundos.

A exposição constante a esta avalanche de estímulos fez com que nos habituássemos à sensação de recompensa imediata: ao like, à notificação, ao próximo vídeo. Por isso, conteúdos longos que não despertem uma reação imediata perdem rapidamente o interesse.

Na realidade, as pessoas não fogem do conteúdo, fogem do que é aborrecido. É por isso que os formatos curtos, que incentivam à interação, são hoje os que melhor se adaptam a este novo ritmo. 

Segundo um estudo da Metricool, o consumo de vídeos curtos cresceu 70% em 2025. Além disso, o número de contas que publicam este tipo de conteúdo aumentou 51,03%. Estes dados indicam que não só há mais criadores a aderir ao formato, como as próprias plataformas o impulsionam e privilegiam cada vez mais, fazendo com que continue a ganhar tração.

Ora, se o público vive em modo scroll, o conteúdo tem de viver em modo impacto. E é nesse sentido que as marcas se devem posicionar estrategicamente. 

Não basta só criar vídeos curtos, é preciso saber como usá-los para captar o interesse. Num formato curto, não há tempo para introduções. A abordagem tem de ser direta, confiante e capaz de despertar curiosidade nos primeiros 3 segundos. A mensagem tem de ser óbvia e instantaneamente compreendida. Se o público tiver de pensar, fará automaticamente o tão temido scroll.

De olhos postos em 2026, creio que a tendência será a aposta cada vez mais consolidada em vídeos curtos, como principal formato de engagement. Veremos surgir novas formas de storytelling e conteúdos cada vez mais interativos, personalizados e visuais, adaptados a este ritmo de consumo.

Além disso, a inteligência artificial continuará a ser uma aliada estratégica, permitindo personalizar o conteúdo, automatizar processos e possibilitar uma comunicação mais precisa, rápida e relevante, mesmo quando a atenção é escassa.

Entre scrolls, swipes e skips, o papel das marcas (e o nosso, enquanto profissionais de marketing e de comunicação) é encontrar novas formas de se fazer ouvir, num ambiente saturado de estímulos e distrações constantes. Já não basta aparecer, é preciso conquistar, ainda que por segundos, a curiosidade de quem está do outro lado do ecrã.

Fontes:

The State of Short Video Report (Metricool, 2025) 

We are Social – Global Overview Report (2025)

Mariana Lucas, Digital Consultant