Desde que o Estado de Emergência foi oficialmente decretado passaram-se dois meses. 60 dias intensos, repletos de desafios pessoais e profissionais. O nosso vocabulário diário passou a incorporar palavras como auto-isolamento ou distanciamento social. E adaptámo-nos “à força” a trabalhar diariamente em regime de multitasking, entre o papel de pais, professores, cozinheiros e profissionais de comunicação.
A nova pandemia teve um impacto tremendo no nosso estilo de vida, na forma de como interagimos e trabalhamos, e a situação muda de hora a hora e de dia para dia. O tele-confinamento faz-nos ter saudades do velho normal e hoje, mais do que nunca, enquanto profissionais de comunicação, somos particularmente relevantes na criação de pontes entre os nossos clientes e os seus públicos-alvo. E o que procuramos naqueles que nos lideram?
Em momentos de crise, sentimos necessidade de receber mensagens de compaixão, estabilidade, honestidade e esperança para o futuro. Isto quer ao nível da comunicação interna quer externa. Procuramos líderes que nos guiem de forma honesta, com planos bem delineados, claros e transparentes. Uma mensagem, uma visão, um rumo.
E verdade seja dita, a maior parte das empresas em Portugal, pequenas, médias e grandes, cedo adotaram uma atitude pró-ativa perante esta nova realidade, mudando linhas de produção, desenvolvendo novos processos produtivos, de forma a responder às necessidades da sociedade, e até promovendo múltiplas campanhas com uma forte componente de responsabilidade social.
A indústria farmacêutica também abraçou este gigantesco desafio e assistimos a colaborações em grande escala, quer ao nível do fornecimento de medicamentos necessários para outras patologias (o cancro ou as doenças cardiovasculares não desapareceram como que por milagre) quer no desenvolvimento de novos canais de informação médico-científica, como é o caso dos já famosos webinars. A (boa) informação também ajuda, e muito.
Vivemos tempos históricos e todos procuramos vozes e organizações que nos guiem, de forma credível, perante esta nova realidade. Comunicar de modo objetivo e transparente não pode ser influenciado pelo vírus, sob o risco de vermos descredibilizadas as organizações que nos rodeiam. Estamos claramente mais digitalizados, mas não podemos esquecer o valor humano, aquilo que nos distingue e eleva.
Jorge Azevedo, Managing Partner