Influência e falta de afluência

Na Era dos Influenciadores Digitais, a afluência às urnas de voto parece ser cada vez menos. E parece, é um eufemismo. As últimas eleições europeias contaram, em Portugal, com uma abstenção de cerca de 70 por cento, números trágicos para democracia. Certo. E como se relacionam os assuntos? Vamos a isso, então.

Mas não já. Comecemos por explicar isto da Era dos Influenciadores Digitais. Primeiro, a própria Guess What lançou uma empresa que aposta, com um abordagem diferente, na reputação online e na capacidade de influência de pessoas que já eram famosas por outras razões ou que se tornaram seguidas por milhares porque conseguiram passar as suas mensagens com eficácia, de modo a terem a capacidade de influenciar o comportamento.

Se a existência da Guess Who (já agora, o Observador também se lançou nesse caminho) não é suficiente para determinar que esta é a Era dos Influenciadores Digitais, basta lembrar que a TVI está a lançar um formato de talent show, onde procura os influenciadores do amanhã e que para isso, conta com os de hoje (e de ontem), como A Pipoca Mais Doce.

Não faltam ainda, eventos que falem do  e pensem o fenómeno. E mesmo que nem sempre os comportamentos recomendados sejam acertados, a verdade é que são ouvidos, vistos e seguidos.

Ainda não. Pensemos agora no processo eleitoral atual. Eu, por exemplo, ontem acordei e tive que sair de casa para ir votar.

Em passo relaxado não demorei mais de 10 minutos. Mas antes de sair de casa, já tinha consultado emails, redes sociais e até feito compras online. Antes de ter que mostrar um cartão físico e recolher uma folha física, que introduzi numa urna física.

Tal como tudo na vida, é de evolução que deve viver o processo eleitoral. E evolução é muitas vezes sinónimo de tecnologia.

É legítimo que se pense que, num país que vive parte da sua vida no smartphone e nas redes sociais, o voto eletrónico à distância, teria mais sucesso.

A facilidade de poder votar, sem se deslocar ao seu círculo eleitoral, seria bastante apelativa para muitos eleitores, acredito. Sobretudo públicos urbanos e jovens (não se poderiam suprimir de imediato as mesas de voto físicas, claro).

Mas a forma de votar é apenas parte do problema. Afinal, as mesas de voto estão bem espalhadas, a distância das residências dos seus eleitores não costuma ser grande e o processo tende a ser rápido (e indolor). O problema estará na falta de motivação e não na forma.

Chegamos aqui. Como se motivam hoje os públicos? Como se pode pensar em influencia-los a fazer o que queremos? Sim. Com influenciadores digitais. Como? Sim, com influenciadores digitais, parte integrante de estratégias de comunicação pró-voto, que, em princípio, são benefício de todos os partidos.

Juntamente com a cobertura mediática das campanhas, sugiro que se faça um plano ambicioso digital com duas fases:

1 – explicação pelos influenciadores da importância do voto e do perigo da abstenção e

2 – simplificação das mensagens de cada partido. Quem deve promover? A CNE? Os partidos? Não sei mas vejo este como um passo seguinte, mesmo sabendo que já hoje se faz boa comunicação política digital.

Talvez se possa é melhorar a taxa de conversão, não no partido A ou B mas na democracia, que deveria ser uma das grandes trends de 2019. #votem.

Francisco Reis, Corporate Division Manager & Partner

Partilhe