Para conseguir uma comunicação eficaz numa área tão abrangente como é a Saúde, temos de fazer algo mais do que transmitir informações científicas e técnicas. Diariamente, somos inundados com dados e factos e, para nos mantermos atualizados, enquanto profissionais de comunicação, devemos fomentar a literacia e combater a fake information.
Numa geração em que a tecnologia ganhou grande poder e impacto, devemos tornar as informações de saúde mais acessíveis e significativas para o nosso público. E como podemos fazer isso? Através do storytelling, uma ferramenta potente que consegue transformar uma informação técnica numa experiência pessoal, que emociona e comove os stakeholders, criando um bonding entre os profissionais de saúde e os pacientes.
Partilhar experiências pessoais é, sem dúvida, uma via de engagement que deve ser valorizada, pois através do storytelling é possível atrair, ensinar e inspirar outras pessoas. Até podemos dizer que, de certa forma, o storytelling é capaz de humanizar a medicina, considerada uma área técnica baseada em dados.
Além do mais, graças ao storytelling, podemos simplificar o complexo, tal como pode ser a área da saúde, que para quem não está a par do assunto pode ser um bicho de sete cabeças ou um puzzle difícil de compreender. A medicina tem uma linguagem própria, com tecnicismos e conceitos específicos, podendo ser uma barreira significativa para muitos pacientes, pois não compreendem as informações essenciais que lhe são facultadas sobre a sua saúde. Uma história que acompanha a explicação dos efeitos de um tratamento, recuperação ou condição de saúde ajuda a que o paciente não perca o fio à meada, consiga acompanhar e, acima de tudo, compreender todas as informações. Este detalhe do profissional de saúde pode ser uma mais-valia e um motivo de preferência pelos pacientes, originando um sentimento de confiança e, até em alguns casos, de alívio por saber que o problema tem solução e que este profissional de saúde ajudará em todas as questões e medos.
Num contexto de stress e pressão, é importante manter a calma, transmitir confiança e esperança e ainda mostrar o nosso lado mais humano. Eis a nossa ferramenta para humanizar: o storytelling. Pode ajudar também a criar uma maior empatia. Saber escutar o outro e identificar-se com a sua história é humano e bonito. No contexto de saúde, quando um paciente partilha a sua história, as suas dificuldades e medos ou até mesmo as suas conquistas, é importante que o profissional de saúde se ponha na pele do paciente, para o aconselhar e proporcionar as melhores soluções e resultados.
Na minha opinião, o storytelling em Saúde assenta em três pilares fundamentais: o paciente deve sentir-se ouvido, compreendido e identificado. Contar experiências pessoais na área da Saúde não é só informar, é também cuidar, e este cuidado faz toda a diferença no processo de recuperação de qualquer paciente.
Constança Crespo, Trainee