Imaginemos um Designer no seu espaço de trabalho, às escuras, a desenhar um logótipo num papel e, portanto, sem qualquer possibilidade de ver o que está a fazer. Parece um cenário improvável, claro, mas o resultado desta experiência iria de certo surpreender o próprio Designer e, sem dúvida alguma, o cliente! É que só por sorte é que o cliente iria gostar do resultado final.
É isto que acontece, muitas vezes, no dia a dia de um Designer. Não desta forma metafórica, claro… A verdade é que, sem um briefing bem definido, nem o guru dos Designers conseguiria fazer magia.
O briefing é o primeiro passo para a criação de uma marca. É a ferramenta essencial para garantir um bom alinhamento de expectativas e uma boa definição do percurso do projeto.
Por isso, não definir um briefing pode levar a um desperdício de tempo e investimento para ambas as partes e os resultados podem não ser os desejados. Pior do que isto é o facto de o design poder ser implementado mas não cumprir o seu propósito.
Assim sendo, torna-se essencial uma preocupação de ambas as partes em fornecer e clarificar todas as informações necessárias para uma boa definição do projeto. Para tal, o melhor a fazer é ter por base uma boa estrutura de briefing que sirva de guia, ajudando-nos a evitar ao máximo a falta de qualquer informação pertinente.
Exemplo de Estrutura de um Briefing
1ª Fase – Conhecer a Empresa
- Quem são, de onde vêm e qual é o seu negócio?
- Qual é o nome da marca?
- Quais são os produtos ou serviços que fornece?
- Quem é a concorrência?
2ª Fase – Estratégia da Marca
- Quem é o seu público-alvo?
- Quais são os seus valores, missão e posicionamento e que valor pretende acrescentar aos seus clientes?
- Quais são os objetivos estratégicos da marca?
- Tem alguma marca que apresente o mesmo tipo de presença que quer ver implementada na sua marca, mesmo que seja numa área de negócio distinta?
3ª Fase – Alinhamento
- Qual é o principal problema existente para o qual precisa de solução?
- Qual é o seu budget e deadline para a entrega do projeto?
- Que materiais ou peças gráficas precisa de ver na proposta?
- Como imagina a sua marca (cores, formas, estilo de tipografia, etc)? Tem exemplos que possa partilhar?
- Existe algum elemento, símbolo, cor, estilo, formato ou ideia que não queira ver na sua marca?
- Quem serão as pessoas que irão tomar decisões e que fatores são importantes para elas?
É certo que nem tudo é matemática e um briefing não foge à regra. Por isso, enquanto agência, quando nos preparamos para uma sessão de descoberta com o cliente (na qual iremos fazer as perguntas que queremos ver respondidas) é necessário ter poder de adaptação. Certamente, nem todas as nossas perguntas serão pertinentes e podemos, até, aperceber-nos de outras questões igualmente importantes para aquele contexto específico.
Por outro lado, enquanto cliente, será muito importante passar, de antemão, toda a informação relevante. Deve-se evidenciar o que se quer e não se quer, traçar os objetivos e dar algumas referências. Desta forma, o resultado estará o mais alinhado possível com o que se pretende.
Cada projeto é um projeto e cada cliente é um cliente, e como tal, não é possível definir uma “fórmula “ de perguntas que resultem para todos os casos. Ainda assim, é importante termos uma estrutura, em género de guia, para nos ajudar a evitar que no momento do briefing não fiquem informações por passar ou dúvidas por esclarecer. Não atender a estas premissas seria condenar o projeto logo à partida!
João Machado, Designer