Em junho de 2020, a Guess What, com o objetivo de contribuir para a reflexão e o debate sobre o que este “novo-normal” poderia implicar para as nossas vidas, publicou o relatório “Como será o “novo-normal” pós-COVID-19?”, que partilhava diferentes perspetivas sobre a forma de como as instituições, a economia e a sociedade podiam, como um todo, criar estratégias para responder a um contexto de pandemia e preparar-se para o “novo normal”.
Ora, chegados à data de hoje, tendo em conta a evolução da pandemia em Portugal e, sobretudo, do processo de vacinação, o Governo decidiu avançar a 1 de outubro para o “dia da libertação”, a próxima fase do Plano de Levantamento Gradual das Restrições.
Com efeito, a ideia de “voltar ao normal” é um conceito pelo qual muitos já estavam ansiosos, mas parece claro que a definição de “normal” mudou permanentemente. Considerando que o mundo ainda continua a evoluir em resultado da pandemia, os valores e prioridades dos acionistas e investidores, colaboradores e clientes/consumidores também mudaram. Consequentemente, as mensagens que as empresas estão a endereçar refletem estas mudanças.
É evidente que a inclusão, equidade e justiça social e as questões ambientais, sociais e de Corporate Governance estão a tornar-se assuntos cada vez mais populares na sociedade e as empresas estão a comunicar o seu compromisso com estas questões. Neste sentido, os consumidores esperam que as marcas atuem de forma ética e olhem para além dos ganhos financeiros durante momentos conturbados, tal como os vividos recentemente (cf. A responsabilidade social não serve para lavar a alma). Assim, se a estratégia de comunicação está ancorada na Corporate Social Responsability, as empresas podem também ser reconhecidas pelos consumidores pelos seus impactos no ambiente (cf. Who Cares, Who Does? Creating a competitive advantage through sustainability, Kantar 2021).
Nesta linha de raciocínio, à medida que as pessoas se adaptam ao “novo normal” e as empresas recomeçam a investir, a consultoria estratégica de comunicação e assuntos públicos reveste-se num investimento crível. A construção de marcas requer uma vibração positiva na estratégia de comunicação e, portanto, este é um bom momento para as marcas se expressarem. Mas, tal como referido anteriormente, há que ter em mente que a narrativa deve ser autêntica.
O desafio atual para os consultores de comunicação é articular saberes e integrar diferentes disciplinas da comunicação numa estratégia única que diferenciem as marcas e as empresas a partir de uma atuação inovadora, diferenciadora e estratégica. A gestão da perceção de autenticidade, enquanto vantagem competitiva, pode ser o caminho.
Autenticidade, confiança, honestidade, integridade, influência positiva e responsabilidade – os pilares que impulsionam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas – intersectam-se com os mesmos critérios ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) que devem estar no core de uma estratégia de Comunicação e de Assuntos Públicos. E é tempo de todos tirarem partido disso para estabelecer credibilidade, construir confiança e proteger a reputação.
Gonçalo Carvalho, Public Affairs Manager